Junta de Freguesia de Olho Marinho Junta de Freguesia de Olho Marinho

Quinta do Furadouro

Quinta do Furadouro ou Quinta de Baixo

A evolução e o crescimento da povoação Olho Marinho, confundem-se desde o século XII, com a história da Quinta do Furadouro.

A Quinta do Furadouro (ou Quinta de Baixo, como também é conhecida), de acordo com os documentos existentes, foi fundada no final do século XI princípio do século XII, por um castelhano muito rico conhecido por o Grande D. João Manoel, pai de D. Constança Manuel, segunda mulher de D. Pedro, com quem casou em 1336, que diziam ser feia e desajeitada e que terá morrido de parto aquando do nascimento do seu terceiro filho. Outros historiadores, no entanto, afirmam que a Quinta do Furadouro foi iniciada por D. Pedro e mais tarde, usada como um dos locais de encontros amorosos entre D. Inês de Castro e D. Pedro I. Depois da trágica morte de D. Inês de Castro, ocorrida em Coimbra em 1355, com consentimento do Rei D. Afonso IV, pai de D. Pedro I, a Quinta do Furadouro é doada a D. João d''Eça, filho de D. Inês e de D. Pedro I.

Segundo a tradição popular, D. Pedro I, por aqui terá permanecido durante longos períodos dedicando-os sobretudo à caça, nomeadamente às espécies de médio porte que abundavam por esta região, designadamente, gamos, javalis e raposas. Alguns cronistas referem também a existência de uma grande colónia de pavões, localizada numa grande propriedade existente entre as povoações Olho Marinho e a Serra D''El-Rei. Estas aves chegaram a ser protegidas por determinação régia! A tradição popular também nos diz que D. Pedro e D. Inês de Castro, segunda prima e aia de D. Constança Manoel, usavam frequentemente as águas das nascentes do Olho Marinho para tratar males de pele.

O livro 'Memórias Históricas de Óbidos', escrito por um frade anónimo do Convento do Vale Benfeito, ao citar a Quinta do Furadouro diz o seguinte: «...Que pertenceu a «El Rei D. Pedro I e que este a doara a D. João d''Eça seu filho e de D. Inês de Castro, que possuía o título de Morgado de Cavaleiros [...]».

A mesma fonte indica que alguns descendentes de João d''Eça, filho de D. Pedro I, residiram durante várias décadas na Quinta do Furadouro, tendo alguns sido sepultados na capela da Quinta e outros na Igreja da Misericórdia em Óbidos. Após a morte de D. Pedro e do seu filho, D. João de D''Eça , a Quinta do Furadouro é adquirida pelo Infante D. Henrique. Passados cerca de 15 anos, D. Leonor, mãe do futuro rei D. Afonso V, adquire a Quinta ao seu cunhado, o Infante D. Henrique. Entretanto, D. Afonso filho de D. Leonor aos 15 anos é aclamado Rei com o título de D. Afonso V. altura que atingi a maioridade. Em 1449, o Rei D. Afonso V emite uma Carta Régia, onde descreve a localização da Quinta do Furadouro, os seus limites e as infraestruturas que a constituíam, anunciando através dessa carta régia, a doação dessas terras a Joan Vasques. Um século mais tarde, por volta de 1550, uma grave crise económica obriga os proprietários da Quinta, a vender uma parte da Quinta do Furadouro, situação que motiva o aparecimento de uma outra grande propriedade, com o nome de Quinta do Ceilão. A Quinta do Ceilão apesar de ter sido adquirida por um dos filhos do navegador Vasco da G ama, Estevão Ferreira da Gama, ficou na condição de foreira, pagando anualmente de fouro 1 moio de trigo à Quinta do Furadouro. Para além da rainha D. Leonor, viúva de D. Afonso IV e mãe de Afonso V, as férteis terras do Olho Marinho continuaram a ter proprietários ilustres, como o rei D. Afonso V, João Vaz (conselheiro privado de D. Fernando, o Infante Santo, cuja dedicação lhe valeu a doação da Quinta, os Condes de Cavaleiros, os Duques de Palmela e a Marquesa do Faial entre outros. Durante os tempos áureos, a Quinta do Furadouro era constituída por uma enorme mansão, com capela privada em honra de nossa Senhora do Livramento, (Imagem em madeira muito bem preservada do século XIV) local onde descansam os restos mortais de várias gerações de proprietários que chegaram a se r ilustres pares do Reino. O património da Quinta nesse tempo era formado por extensas terras, hortas, moinhos e azenhas, vários anexos e cedências. Alguns dos proprietários da Quinta apesar de pertencerem à baixa nobreza e das crises económicas que ocorreram, conseguiram manter durante aproximadamente três séculos, a posse duma parte substancial da Quinta na mesma família até aos finais do século XVII. No século XVIII surge mais uma grave crise económica, que culmina na venda da Quinta ao Conde de Cavaleiros, um fidalgo que ocupou importantes cargos no Brasil, onde fez fortuna, e de reconhecido mérito junto da Côrte.

Durante o período que mediou a administração do novo proprietário, D. Gregório de Eça e Meneses, Conde de Cavaleiros, consegue aumentar e embelezar de forma muito significativa a propriedade, vindo mais tarde a receber como herança a vizinha Quinta do Ceilão, também conhecida por Quinta de Cima.

Alguns anos mais tarde, surgem novas crises económicas e políticas que marcaram profundamente a segunda metade do século XIX, pelo que o Conde de Cavaleiros se vê forçado a vender a Quinta aos duques de Palmela, procurando deste modo fazer face aos problemas financeiros que o assolavam.

A partir desse momento, o Furadouro muda várias vezes de dono, com intervalos de poucos anos, até ser adquirida, em ano que se desconhece, pelo primeiro plebeu, José Paulo Rodrigues, um agricultor muito abastado das Caldas da Rainha.

Depois, no século XX, a propriedade muda novamente de proprietários e fica na posse da família Pinto Bastos, até à década de cinquenta, quando é adquirida pela multinacional Stora Enzo (Celbi), do ramo da celulose onde presentemente desenvolve atividades no sector da produção de eucaliptos, melhoramentos genéticos e outras formas de investigação no sector da silvicultura.

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