Igreja em Honra do Imaculado Coração de Maria
O crescimento demográfico e o dinamismo económico que se fez sentir no Olho Marinho durante o século XIX foram, sem dúvida, juntamente com o dinamismo do Padre Silveira Malhão, poeta, escritor e um dos oradores sagrados com mais prestígio na região, as forças que ajudaram a dinamizar e a levar por diante a construção do novo templo destinado ao culto cristão, dada a manifesta insuficiência em termos de espaço e simplicidade da Ermida de Santa Iria. O processo de edificação da nova igreja teve início em 1845. Esta obra, uma das mais importantes realizadas no Olho Marinho até à data, mobilizou de forma incondicional os católicos e a população em geral, ao longo dos 10 anos que mediaram a sua construção.
A nova igreja matriz foi inaugurada em Agosto de 1856 e consagrada ao Imaculado Coração de Maria, a segunda igreja, até à presente data, a ser dedicada a este dogma católico no nosso País.
Os primeiros apoios para a construção do templo surgiram do povo do Olho Marinho. Mas como a obra era ambiciosa e cara, foi constituída, em Lisboa, uma comissão de honra, cujo principal obj etivo era dinamizar campanhas destinadas à obtenção de fundos, envolvendo os jornais da época, 'O Domingo' e 'A Nação', verba que ultrapassou os 1.200$00 réis. De acordo com os documentos de então, a nova igreja foi concebida e dimensionada tendo em vista o número de habitantes existentes e o seu aumento futuro, bem como a população residente nos lugares vizinhos, tendo como principal objetivo, criar um espaço de culto maior e com mais dignidade.
A Igreja do Imaculado Coração de Maria, apesar de estarmos no século XXI e dos diversos trabalhos de manutenção e recuperação efetuados, em especial na década 1960, após o sismo de forte intensidade que então ocorreu, mantém e preserva o traçado arquitetónico original, assim como a maior parte do seu interior, onde se destaca o altar-mor em talha dourada de estilo barroco, que continua muito bem conservado, e o retábulo que ostenta uma bonita tela pintada a óleo em 1863, assinada por A. Fonseca. Junto ao altar-mor ainda se mantém um rodapé nas paredes laterais revestido a azulejos do século XVIII.
A Igreja Matriz ficou assim enquadrada num espaço onde existe uma grande praça, muito bem preservada, atualmente pavimentada com calçada portuguesa a poucos metros dos famosos 'Olhos d''Água' do Olho Marinho, o ex -líbris dos Olhomarinhenses.