Olhos d' Água
Os 'Olhos d''Água' estão presentemente localizados no centro da povoação, cujas famosas nascentes se deve, ao que tudo indica, à origem do topónimo 'Olho Marinho'. Estas águas, que se crê possuírem propriedades minero -medicinais, brotam da rocha a uma temperatura constante de 21 graus centígrados.
Apesar do seu uso remontar, ao tempo da ocupação romana, as nascentes ganharam maior projeção quando ficaram associadas às visitas de Inês de Castro à região e de terem servido para as curas desta famosa senhora que foi coroada rainha, por D. Pedro I, depois de assassinada.
Certa é, porém, a relação direta entre os 'Olhos d''Água' e o crescimento da população em seu redor, dando mais tarde origem, aos lugares que hoje constituem a freguesia, bem como a sua prosperidade agrícola, económica e social, ao longo dos séculos.
O atual Largo da Fonte, como também é conhecido, é um espaço dotado de rara beleza natural e visto, em especial pelos olhomarinhenses, como a sua melhor sala de visitas. As nascentes são desde há muito o verdadeiro ex-libris deste povo, local onde implantaram, ao longo dos tempos, as suas melhore s peças arquitetónicas e onde se realizam, ainda hoje, as mais importantes festividades religiosas e profanas.
De acordo com a tradição, há cerca de 600 anos, o espaço onde hoje se localizam os 'Olhos d''Água' foi divididos em dois.
O primeiro, o mais importante e mais respeitado pelo povo, é o chamado 'Olho das Quartas'. Foi, durante vários séculos, o espaço mais emblemático deste conjunto de 'Olhos d''Água', usado pela população, de forma exclusiva, para o abastecimento de água potável.
O segundo conjunto de 'Olhos d''Água' é conhecido por 'Olho da Rainha' desde o século XIV como nos conta a tradição. Esta designação foi a melhor forma encontrada pelo povo do Olho Marinho para homenagear e evocar a passagem de D. Inês de Castro pelas nascentes quando usava aquelas águas, beneficiando das suas características minero-medicinais no tratamento dos seus males.
Pela disposição existente dos dois conjuntos de nascentes, tudo indica que o espaço terá sido dividido em dois, evitando desse modo a junção das águas ali nascidas. A forma espetacular e repousante como brotam os 'Olhos d''Água' e o enorme caudal dai resultante deram origem à formação do Rio Olho Marinho que, ao longo dos séculos, tem servido para irrigar os férteis campos desta zona (cerca de 300 hectares).
Os Olhomarinhenses desde há muito que usam os conhecimentos de agricultura e hidráulica transmitidos pelos monges de Cister através do sistema de regadio tradicional ainda hoje existente.
Infelizmente no decorrer do século XX e XXI para além de terem aumentado os consumos de água, de forma por vezes desenfreada, as secas tem sido também uma constante, resultando daí um acentuado decréscimo dos níveis freáticos. Em anos normais de pluviosidade, os 'Olhos d''Água' do Olho Marinho, continuam a encantar os numerosos visitantes que por ali passam.